Luanda tem 36 carteiros para 6,5 milhões de habitantes


 *Matéria publicada originalmente no site redeangola.info


                                Foto: Ampe Rogério


 O quotidiano de quem enfrenta os desafios de entregar correspondência em Luanda.

Luanda, cinco da manhã. Como é normal na rotina dos habitantes da capital, há muito Costa Gaspar, 33 anos, já se levantou para mais um dia de trabalho. Pai de dois filhos, o que mais o motiva é a esperança de adquirir casa própria. Ele é um dos 36 carteiros que, com dois motoqueiros, compõem o quadro de profissionais dos Correios de Angola em Luanda, uma cidade que segundo, os dados premilinares do Censo Geral da População, tem 6,5 milhões de habitantes.

Isto é, cada carteiro dos Correios de Angola tem de servir mais de 180 mil pessoas.

Trabalhando como carteiro há três anos, Gaspar almeja fazer carreira dentro da empresa. Enquanto isso não acontece, vai vencendo os desafios de entregar correspondências todos os dias. Há muitas ruas sem nome, além da ausência de um código postal, o que dificulta de sobremaneira o exercício da profissão. “Se Luanda fosse bem urbanizada, não teríamos esse problema. Temos essa dificuldade das casas não estarem bem numeradas. Umas estão, outras não. A maior parte não está mesmo”, lamenta.

“Suponhamos que eu esteja à procura da casa número 20 e encontre a 16 ou 13. Pergunto aos vizinhos até achar a pessoa, mas há vezes também que a própria vizinhança não conhece o destinatário”, explica o carteiro.

Além dos problemas de numeração das ruas e casas, há ainda uma questão cultural. “Por vezes na carta está um nome, mas na vizinhança é conhecido por outro. Isso é muito comum”, conta, referindo-se ao facto de muitas vezes o nome de registo não ser o mesmo com que a pessoa é conhecida pelas redondezas. A pessoa é registada com um nome, mas ganha outro em casa e ainda tem o próprio nome que ela se dá e se apresenta aos outros.

Continue a ler aqui

Nenhum comentário: