O "Encontro entre Jornalistas Escritores", promovido pelo Congresso Mega Brasil de Comunicação 2011, reuniu, na noite de quarta-feira (25/5), Caco Barcellos, Maurício de Sousa e Audálio Dantas. Com muitas histórias no currículo, os profissionais deixaram suas publicações em segundo plano e relembraram matérias marcantes e as dificuldades encaradas no começo da carreira.
"Gosto da rua, vivenciar o que acontece (...) No Abusado, o morro me deu a história".
Assistente de trovador e taxista
Caco Barcellos, da TV Globo, começou sua participação contando a infância pobre que passou em Porto Alegre. Ao comentar que veio de uma família humilde e que seus pais eram semi-analfabetos, o comandante do Profissão Repórter disse que acompanhava as trovas, cânticos com as observações do cotidiano, de seus familiares e que talvez daí tenha surgido sua percepção jornalística. "Era assistente de trovador, ajudava meu avô. Ele fazia os relatos da semana, sempre com bom-humor, mas minha visão era diferente".
Depois da infância na vida de trovador, Caco começou a trabalhar, mas nem imaginava ser jornalista. Seu emprego era de taxista, circulando pela região da capital gaúcha. Em nenhum momento a profissão foi desmerecida, pois era o que tinha que ser feito. "Como minha família era pobre tive que trabalhar com táxi", explicou.
Jornal com hippies
A carreira do autor de Rota 66 e Abusado começou a se encaminhar para a redação quando a direção da faculdade na qual cursava matemática - isso mesmo, Caco Barcellos chegou a cursar matemática - decidiu criar um jornal e precisava de estudantes para produzir o conteúdo. "Fui escolhido para fazer o jornal, até porque só eu tinha me inscrito", lembrou, aos risos.
Caco Barcellos, da TV Globo, começou sua participação contando a infância pobre que passou em Porto Alegre. Ao comentar que veio de uma família humilde e que seus pais eram semi-analfabetos, o comandante do Profissão Repórter disse que acompanhava as trovas, cânticos com as observações do cotidiano, de seus familiares e que talvez daí tenha surgido sua percepção jornalística. "Era assistente de trovador, ajudava meu avô. Ele fazia os relatos da semana, sempre com bom-humor, mas minha visão era diferente".
Depois da infância na vida de trovador, Caco começou a trabalhar, mas nem imaginava ser jornalista. Seu emprego era de taxista, circulando pela região da capital gaúcha. Em nenhum momento a profissão foi desmerecida, pois era o que tinha que ser feito. "Como minha família era pobre tive que trabalhar com táxi", explicou.
Jornal com hippies
A carreira do autor de Rota 66 e Abusado começou a se encaminhar para a redação quando a direção da faculdade na qual cursava matemática - isso mesmo, Caco Barcellos chegou a cursar matemática - decidiu criar um jornal e precisava de estudantes para produzir o conteúdo. "Fui escolhido para fazer o jornal, até porque só eu tinha me inscrito", lembrou, aos risos.
Porém, Caco percebeu que não teria como tocar o jornal sozinho e começou a divulgar que precisava de assistentes para o auxiliar no trabalho à frente do veículo. Os anúncios não trouxeram muitos candidatos para a equipe, a não ser um grupo de hippies que demonstrou interesse. "Conversamos, eles estavam a fim e no outro dia já estava morando na casa deles e eles me ajudando a fazer o jornal".
Obama: o assassino de personagens
Com o jornal da faculdade, Caco nunca mais deixou a carreira de jornalista de lado, chegando a ser correspondente internacional da Rede Globo em Londres, no Reino Unido. Entretanto, os prêmios recebidos e o reconhecimento do público não tiram a decepção atual do repórter, que é saber que nunca mais terá a oportunidade de entrevistar Osama Bin Laden.
A morte do terrorista, e consequentemente do personagem para uma conversa com Caco, foi lamentada e o presidente dos Estados Unidos não foi esquecido. "O Obama é um assassino de personagem. Queria fazer algum livro sobre a vida do Osama", lamentou.
"Tenho guardado em casa o esboço do personagem repórter policial, mas nunca irei publicar".
Desenho negado
Com o desejo de trabalhar com desenhos desde a adolescência, o criador da Turma da Mônica, Maurício de Sousa, contou que quase desistiu de seu sonho depois que levou seu primeiro sonoro "não". O episódio aconteceu quando, aos 17 anos, o quadrinista levou alguns de seus desenhos para o diretor de arte, na época, da Folha de S. Paulo, para avaliar seu trabalho.
Desenho negado
Com o desejo de trabalhar com desenhos desde a adolescência, o criador da Turma da Mônica, Maurício de Sousa, contou que quase desistiu de seu sonho depois que levou seu primeiro sonoro "não". O episódio aconteceu quando, aos 17 anos, o quadrinista levou alguns de seus desenhos para o diretor de arte, na época, da Folha de S. Paulo, para avaliar seu trabalho.
"Quando ele disse que desenho não me traria dinheiro e que era para eu desistir levei um choque. Minha mãe, meu pai, todo mundo falava que eu desenhava bem, fiquei muito triste na hora", contou Maurício, sem informar o nome do diretor que boicotou a obra do patrono dos gibis da Turma da Mônica.
Repórter policial
Apesar de abalado por não ter seus desenhos aprovados, Maurício voltou naquela noite para sua casa empregado. Ao sair da conversa com o diretor de arte da Folha, ele mostrou o que tinha produzido para alguns dos repórteres do diário paulista e recebeu uma dica: entrar para a equipe do jornal, ocupando a vaga de copy-desk para depois cravar seu espaço nas ilustrações.
Maurício aceitou o desafio, mas não por muito tempo. Ficou apenas 15 dias na função e passou a ter outro cargo no jornal, repórter policial. Com a novidade, ele criou 'personagem' e comprou capa e chapéu para encarar o dia a dia das delegacias da cidade. "Cheguei na redação fantasiado", brincou.
Quadrinhos, textos, gibis e livros
Sempre acompanhado de sua capa e chapéu, Maurício permanceu durante cinco anos como repórter policial da Folha de S. Paulo, quando, no mesmo jornal, pôde fazer o que sempre quis, trabalhar com desenhos. Com suas criações aprovadas pela chefia de redação do veículo, ele recordou a primeira vez que teve uma ilustração publicada. "Foi a primeira histórinha do Bidu".
Depois de mais de 40 anos da sua primeira tira publicada em um jornal, Maurício não guarda mágoas da pessoa que lhe deu o "não" e explicou que a passagem pela redação da Folha o ajudou na construção de textos para as histórias em quadrinhos. "Eu seria apenas um desenhista e não um escritor. A passagem pelo jornal serviu para aprender a escrever em poucas palavras, no tamanho que coubesse nos balões", declarou Maurício de Sousa, primeiro quadrinista a entrar para a Academia Paulista de Letras ao ser 'empossado', na semana passada.
"Para ser um bom jornalista e bom escritor tem que, primeiramente, ser um bom leitor".
A escritora da favela
Uma reportagem a respeito das anotações feitas por Catarina Maria de Jesus, uma catadora de lixo que morava em uma favela próxima ao estádio do Canindé, em São Paulo, foi uma das matérias inesquecíveis feitas por Audálio. Na época da materia, ele trabalhava na Folha de S. Paulo e se surpreendeu com os textos. "Era uma semi-analfabeta, mas com uma capacidade imensa de observação".
A escritora da favela
Uma reportagem a respeito das anotações feitas por Catarina Maria de Jesus, uma catadora de lixo que morava em uma favela próxima ao estádio do Canindé, em São Paulo, foi uma das matérias inesquecíveis feitas por Audálio. Na época da materia, ele trabalhava na Folha de S. Paulo e se surpreendeu com os textos. "Era uma semi-analfabeta, mas com uma capacidade imensa de observação".
"Foi a melhor reportagem que já fiz", contou Audálio, que lembrou que a matéria na qual entrevistou Carolina não estava programada em sua pauta, que tinha uma definição agendada: expor a situação de uma pequena favela que tinha surgido próxima ao centro da capital paulista, comunidade na qual morava a fonte do texto produzido.
A reportagem...o livro
Além de ser publicada no jornal, a reportagem que Audálio considera a melhor de sua vida serviu como o foco principal para a produção de Quarto de Despejo, livro escrito por Carolina, organizado por Audálio e traduzido em diversos idiomas. A obra, publicada em 1960, foi comercializada em cerca de trinta países e por quase 20 anos figurou entre as 100 publicações mais vendidas nos Estados Unidos.
Autor: Anderson Scardoelli
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